Neste trabalho pretendemos estudar a trajetória do jornal O Gramma, produzido em Teresina no ano de 1972. O material contou com apenas duas edições. Logo em seu título, o jornal carregava uma polêmica, visto que "Granma" era o nome do jornal oficial do Comitê Central do Partido Comunista Cubano. O jornal surgiu com o lema "fazer jornalismo no Piauí é desdobrar fibra por fibra o coração", em referência às dificuldades encontradas pelos seus idealizadores para a publicação do material. O jornal precisou ser impresso em Brasília, devido ao controle sobre os parques gráficos piauienses, o que envolveu uma árdua dedicação dos produtores. As vicissitudes no seu processo de criação permitem constatar que O Gramma visava um retorno ideológico e não comercial. Suas páginas eram compostas por ilustrações, poemas, textos críticos e dicas culturais. O jornal carregava mensagens sobre a importância de "ver, ouvir e curtir" como formas de encarar as dificuldades dessa época, marcada pela Ditadura Militar no Brasil. "Choros, gritos e molotovs" deveriam ser substituídos pela "curtição", conforme os integrantes d'O Gramma. Nesse sentido, buscamos discutir as nuances da atuação cultural desse projeto jornalístico, em articulação com a conjuntura política da época. O artigo adota como corpus documental fontes hemerográficas desse período, com uma análise integral das duas edições publicadas do jornal. Nosso trabalho é norteado por dimensões metodológicas balizadas pelas discussões dos estudos culturais, da sociologia e da história cultural. Construímos diálogos com os estudos de Ventura (1988), Wolfe (2005), Capote (1965) e Castelo Branco (2005).
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